Título

HEMORRAGIA SUBHIALOIDEA EM PACIENTE APOS VALSALVA SECUNDARIA A EPISODIO DE ESTRESSE EMOCIONAL: RELATO DE CASO

Objetivo

Relatar o caso de um paciente jovem com retinopatia por Valsalva, que evoluiu com hemorragia subhialoidea após presenciar discussão familiar em sua residência.

Relato do Caso

Paciente masculino, 16 anos, previamente hígido, atendido em consulta de rotina, referindo BAV súbito em olho direito (OD) há 4 dias, após passar por período de estresse emocional, depois de presenciar discussão dos pais. Ao exame apresentava acuidade visual (AV) c/c de MM (movimento de mãos) no OD e 20/20 no olho esquerdo (OE). Biomicroscopia e PIO dentro da normalidade. A fundoscopia revelou presença de hemorragia pré-macular em OD, com OCT evidenciando sua localização subhialoidea (Fig. 1A). Fundoscopia do OE sem alterações. Levando-se em consideração a idade e facilidade de acesso, foi realizado a hialoidotomia com Nd:YAG laser. Iniciou-se com nível de energia de 1,5 mJ, com a mira do laser logo acima do ápice inferior do sangramento. Após alguns disparos, a ruptura da hialóide foi alcançada com a energia em 3,3mJ. Paciente retornou dias após o procedimento relatando melhora significativa da visão no OD, apresentando no momento do exame AV c/c de 20/20. Após 6 meses de seguimento, paciente manteve a AV e no OCT foi observado surgimento de membrana epirretiniana (Fig. 2).

Conclusão

A retinopatia por Valsava se desenvolve por meio de uma ruptura espontânea dos vasos perifoveais, em virtude à elevação súbita da pressão venosa intraocular, decorrente do aumento brusco da pressão intra-abdominal ou intra-torácica. Manifesta-se pela diminuição súbita da visão em indivíduos saudáveis, surgindo após episódios de tosse, vômitos e esforços físicos; sendo seu aparecimento após situações de estresse emocional na ausência de esforço físico motor, pouco descrito na literatura. A hemorragia pode evoluir para regressão espontaneamente. Este evento, pode levar ainda, à formação de membranas epirretinianas, alterações no EPR ou dano aos fotorreceptores. A hialoidotomia com YAG-laser se configura como uma opção terapêutica minimamente invasiva, levando geralmente a rápida recuperação da AV.