AMAUROSE BILATERAL POR ROSACEA OCULAR: IMPORTANCIA DO DIAGNOSTICO PRECOCE- RELATO DE CASO
Relatar um caso de rosácea ocular com evolução para cegueira bilateral, salientando a importância do diagnóstico e tratamento precoces.
I.P.D.S, 43 anos, sexo feminino, com queixa de desconforto ocular, sensação de corpo estranho e lacrimejamento há 7 dias em ambos os olhos (AO). Relata episódios anteriores. Nega trauma ocular. Antecedentes patológicos: rosácea há 10 anos, sem tratamento há 3 anos.
Ao exame, ectoscopia: presença de pápulas eritematosas e pústulas disseminadas em face; AV S/C e no pinhole(PH): olho direito(OD): CD a 40 cm e olho esquerdo (OE): MM. À biomicroscopia(bio): OD: hiperemia conjuntival 2+, leucoma central profundo, irregularidade corneana, pannus da 2h às 9h, lesão nasal superior corando com fluoresceína. OE: hiperemia conjuntival 2+, pannus e neovasos profundos difusamente na córnea, 2 lesões elevadas em região paracentral corando à fluoresceína. PIO:12mmHg em AO e fundoscopia inviável pela opacidade de meios.
Iniciado tratamento oral com doxiciclina 100mg (12/12h) e tópico com colírios de moxifloxacino (2/2h), prednisolona (4/4h) em OD e de 8/8h em OE, hialuronato de sódio 4x ao dia, compressas mornas e higiene ciliar com shampoo neutro.
Após 7 dias, houve melhora visual e da dor. AV: CD 2,0 m AO, bio: hiperemia leve AO, regressão parcial dos neovasos corneanos e das lesões em OE. A corticoterapia tópica foi aumentada e demais mantidos. A paciente foi encaminhada para avaliação dermatológica.
Diante da melhora do quadro e de ultrassom normal, foi indicado transplante de córnea após tratamento subconjuntival de antiVEGF para maior regressão da neovascularização corneana.
Os sinais e sintomas inespecíficos da rosácea ocular retardam o seu diagnóstico e, diante das complicações da superfície ocular, que incluem vascularização, formação de úlceras e cicatrizes corneanas, acarretadas pela ausência de tratamento específico, como no caso exposto, enaltecem a importância de um tratamento precoce impedindo a evolução para um quadro tão grave bilateral e prognóstico visual bastante reservado.
Córnea
Universidade Federal da Paraíba (UFPB) - Paraíba - Brasil
ROBERTA CARNEIRO DE SOUSA GOMES, CARLA CHRISTINA DE LIMA PEREIRA, JOÃO RAFAEL PEREIRA BEZERRA CAVALCANTI
Número de protocolo de comunicação à Anvisa: 2022379801