GLAUCOMA FACOMORFICO ASSOCIADO A LUXAÇAO ESPONTANEA DE CATARATA MORGANIANA PARA A CAMARA ANTERIOR – UM RELATO DE CASO
Relatar um caso com catarata Morganiana associado a glaucoma facomórfico agudo.
Paciente feminina, 53 anos, procurou atendimento oftalmológico, pelo surgimento de lesão branca ocular associada a dor intensa em olho direito (OD), sem trauma e com início do quadro há 1 dia. Dislipidêmica, sem uso de medicamentos. Apresentava acuidade visual (AV) de não percepção luminosa (NPL) em OD e de 20/25 em olho esquerdo. Referiu baixa acuidade visual prévia em OD, não investigada, porém com piora recente. No exame de biomicroscopia do OD, apresentou câmara anterior formada e rasa, córnea com ceratite discreta. O núcleo do cristalino opacificado estava deslocado para câmara anterior, impossibilitando avaliação de estruturas posteriores. Medição de pressão intraocular (PIO) de 28mmHg em OD. Tratada com dexametasona 0,01mg/ml e atropina 1,0% tópicos para olho cego doloroso. No dia seguinte, retornou com piora da dor, náusea e vômito. Atalamia e edema de córnea em biomicroscopia, com PIO de 51mmHg. Prescrito manitol 20% e sintomáticos via endovenosa, no ambiente hospitalar, com melhora do estado geral. Recebeu alta com acetazolamida via oral e colírios hipotensores, visando conforto para dor. Orientada sobre prognóstico visual reservado, sendo encaminhada para serviço ambulatorial para avaliar necessidade de facectomia e outras condutas, além do posterior seguimento de olho único.
A catarata Morganiana é uma forma de catarata córtico-nuclear. Origina-se por degeneração enzimática de componentes da membrana e fibras cristalinianas, produzindo liquefação e reabsorção do fluido cortical. O núcleo é resistente a este processo, ocorrendo sua flutuação no meio do saco capsular, sendo a ruptura espontânea da cápsula anterior uma condição rara. Há associação com aumento da PIO descrita em casos na literatura. É de suma importância a identificação e o conhecimento dessa entidade clínica. O adequado diagnóstico e controle clínico podem prevenir o prolongamento da dor e sofrimento do paciente, mesmo que não apresente um prognóstico visual bom.
Glaucoma
Hospital Universitário Cajuru - Paraná - Brasil, Santa Casa de Misericórdia de Curitiba - Paraná - Brasil
JEAN VITOR MARTINS ALVES, Fernanda FERNANDES GOMES, Henrique Victor Ruani
Número de protocolo de comunicação à Anvisa: 2022379801