Título

ESCOTOMAS IPSILATERAL E JUNCIONAL CAUSADOS POR MENINGIOMA SELAR EM PACIENTE COM SINDROME DE TURNER: UM RELATO DE CASO

Objetivo

Relatar alteração campimétrica em paciente com meningioma do tubérculo da sela túrcica.

Relato do Caso

Em dezembro de 2022, paciente de sexo feminino, 26 anos, com síndrome de Turner e hipotireoidismo, compareceu à emergência com queixa de amaurose súbita em olho esquerdo (OE). Realizou ressonância magnética de sela túrcica com contraste que evidenciou lesão intra e extra-selar sugestiva de meningioma do tubérculo selar que comprimia a glândula hipofisária, quiasma óptico, nervo óptico, parte da porção cavernosa da artéria carótida interna esquerda, bem como as artérias cerebrais anteriores.
Em avaliação oftalmológica, paciente apresentava acuidade visual corrigida de 20/20 em olho direito (OD) e percepção luminosa fraca em OE. No entanto, pressão intraocular, fundoscopia, motilidade ocular extrínseca e biomicroscopia sem alterações. A campimetria 24-2 evidenciou em OD defeito em quadrante temporal superior respeitando o meridiano vertical, sugestivo de escotoma juncional por lesão no joelho de Wilbrand, e com campo de visão extinto em OE. O tumor selar foi então ressecado pela equipe de neurocirurgia ainda no mesmo mês e o anatomopatológico confirmou diagnóstico de meningioma grau I. No pós-operatório, evoluiu com acuidade visual de conta-dedos em OE.

Conclusão

Os meningiomas do tubérculo da sela túrcica tipicamente comprimem a junção do quiasma com o nervo óptico, dando origem a um escotoma central ipsilateral causado por compressão do nervo óptico. Além disso, pode haver um defeito contralateral temporal superior, o escotoma juncional, que ocorre em virtude do cruzamento mais anterior das fibras nasais inferiores, em região conhecida como joelho de Wilbrand. É importante ressaltar que o meningioma selar é incomum na síndrome de Turner, embora haja alguma evidência de que os tumores cerebrais são mais comuns em pacientes com síndrome de Turner do que na população em geral.