CONJUNTIVITE GONOCOCICA EM ADOLESCENTE SEXUALMENTE INATIVO: RELATO DE CASO.
A conjuntivite gonocócica (CG) é uma afecção mais comumente encontrada em neonatos, entretanto, sua incidência tem aumentado em adultos devido ao aumento de infecções urogenitais causadas pelo gonococo. Esse relato, tem como objetivo, apresentar uma forma menos comum de transmissão, ligada a fômites, uma vez que estudos mostram que a Neisseria gonorrhoeae (NG) pode sobreviver entre 24 e 72 horas nesses materiais.
J.C, masculino, 16 anos, auxiliar de cabeleireiro, deu entrada no serviço de urgência oftalmológica apresentando secreção ocular purulenta e abundante em olho direito (OD), associada a edema palpebral grave. Iniciou o quadro com hiperemia ocular cinco dias antes da admissão. Ao exame, apresentou diminuição da acuidade visual (AV) em OD 20/400 e o olho esquerdo (OE) 20/20. Biomicroscopia (BIO) de OD revelou folículos na conjuntiva tarsal, quemose difusa grave, dilatação de vasos e secreção purulenta no saco conjuntival. BIO de OE sem alterações. Paciente sexualmente inativo, nega abuso sexual e não apresentava sinais e sintomas geniturinários. Foi coletada cultura bacteriana com swab, coloração de Gram e iniciado tratamento empírico com Ceftriaxona, Azitromicina, e Tobramicina colírio instilado a cada 2 horas. Reavaliado em 72 horas, apresentando melhora de AV, 20/20 em OD, e BIO com hiperemia conjuntival leve. Dentro de 7 dias, apresentou resolução total da CG. Posteriormente, o resultado dos exames laboratoriais, revelaram diplococos Gram negativos e crescimento de NG na cultura. Acreditamos então, que, a atividade ocupacional do paciente possa ter contribuído para o quadro clinico, uma vez que o mesmo relatou compartilhamento de tolhas com outras pessoas no ambiente de trabalho, que são possíveis fômites para a doença.
Não se deve excluir o diagnóstico de CG em indivíduos sexualmente inativos. Na suspeita clínica, o tratamento deve ser empírico e precoce, evitando complicações corneanas, endoftalmite e perda visual. A cultura de material conjuntival auxilia na comprovação do diagnóstico.
Patologia Externa
Universidade Federal da Paraíba (UFPB) - Paraíba - Brasil
GABRIELA BABY LITVINSKI, JOÃO VITOR WOICIEKOSKI, ONEDILVA TRAVASSOS
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