CERATITE EPITELIAL HERPETICA COMPLICADA POR ULCERA NEUROTROFICA APOS CROSSLINKING EM PACIENTE COM CERATOCONE: RELATO DE CASO
Relatar e descrever caso de paciente com diagnóstico de ceratocone em progressão que iniciou quadro de ceratite epitelial herpética após crosslinking com evolução para úlcera neurotrófica.
Feminino, 20 anos, alto míope, diagnóstico prévio de ceratocone com descompensação do quadro alérgico. Comparece a consulta para avaliar indicação de Crosslinking. Refere histórico de rinite alérgica, asma e dermatite atópica, em tratamento com Fluticasona 25 mcg + Salmeterol 125 mcg spray e Bilastina 20 mg via oral.
Apresentou ao exame reação papilar em tarsos, aumento da curvatura e afinamento corneano em região paracentral inferior em ambos os olhos.
Indicado Crosslinking em ambos os olhos, prescrito cloridrato de Olopatadina 2,2 mg/ml colírio (Patanol S®) e Hialuronato de sódio 0,15% colírio (Hyabak®).
Após 28 dias do crosslinking, retorna apresentando ceratite epitelial herpética com bulbo terminal em olho direito.
Iniciado tratamento com Aciclovir 400 mg 5x/dia 7 dias e Moxifloxacino 0,5% colírio (Vigamox®) 6/6h.
Após 7 dias do tratamento, retorna sem melhora da lesão. Substituído Aciclovir por Valaciclovir 500 mg 12/12h.
Após 21 dias de tratamento, retorna apresentando melhora importante da lesão, com solda epitelial central, não corando à fluoresceína. Iniciado uso de Lente de contato terapêutica e prescrito Ofloxacino 0,30% colírio (Oflox®) 6/6h com Hialuronato de sódio 0,15% colírio (Hyabak®).
Obteve melhora importante do quadro, epitélio integro após 27 dias, mantido tratamento profilático para herpes.
A ceratopatia neurotrófica herpética é secundária a má inervação corneana entre outros fatores como comprometimento do filme lacrimal, toxicidade medicamentosa, alteração e inflamação da membrana basal. É fundamental ressaltar que o crosslinking apresenta riscos e benefícios. Complicações como infecção, úlcera corneana, ceratite lamelar difusa, opacidade corneana, infiltrados periféricos e reativação de herpes ocular já foram descritas. Assim, uma conduta conservadora, expectante, em pacientes com boa acuidade visual, pode ser de bom senso.
Córnea
HOSPITAL DA GAMBOA - Rio de Janeiro - Brasil
VITOR SARTÓRIO COSTA, Isabel Brasil, Gustavo Bonfadini
Número de protocolo de comunicação à Anvisa: 2022379801