Título

COROIDITE MULTIFOCAL POR CRIPTOCOCO: RELATO DE CASO

Objetivo

Relatar um caso de Coroidite Multifocal por Criptococo (CMC) em paciente portador de HIV, um importante diagnóstico diferencial em pacientes imunossuprimidos.

Relato do Caso

Paciente de 28 anos, portadora de HIV por transmissão vertical, com abandono de tratamento antirretroviral (TARV) há mais de 2 anos, com relato de tosse, febre, astenia, cefaleia e baixa acuidade visual há 3 meses. Ao exame oftalmológico, apresentava acuidade visual (AV) de 20/40 em ambos os olhos (AO), a biomicroscopia à lâmpada de fenda não mostrava alterações. A fundoscopia evidenciava lesões puntiformes branco-amareladas, difusas e profundas, compatíveis com coroidite em AO. Exames complementares mostraram CD4: 121, Carga Viral (CV): 52893, análise de líquor (LCR) positiva para criptococo, antígeno criptocócico (CrAg) positivo em (LCR) e sangue. Teste de escarro BAAR negativo e Xpert M. Tuberculosis não detectado. Ressonância Magnética de crânio evidenciou presença de múltiplas lesões de variadas formas e tamanhos, acometendo a substância branca dos hemisférios cerebrais, principalmente subcortical, sem efeito expansivo. Iniciou-se o tratamento para criptococose com Anfotericina B e Flucitosina. Após 2 semanas de tratamento, houve melhora da acuidade visual para 20/25 e cicatrização das lesões coroideanas. A paciente segue em acompanhamento e tratamento.

Conclusão

A CMC é uma condição rara, que ocorre devido a uma infecção oportunista pelo cryptococcus neoformans, estando pacientes com HIV e imunossuprimidos mais susceptíveis a este fungo. Sua principal manifestação é como meningoencefalite e a forma ocular baseia-se no quadro de coroidite, multifocal e bilateral, associada ao contexto sistêmico, porém formas atípicas podem ser descritas. A investigação complementar com exames como CrAg, análise de LCR e RNM é de fundamental importância para selar o diagnóstico.