Título

Amaurose fugaz em olho único associada a Forame Oval Patente

Objetivo

Relatar um caso de amaurose fugaz em paciente com olho único associada à presença de Forame Oval Patente (FOP).

Relato do Caso

V M T, 50 anos, sexo feminino, com histórico de escurecimentos visuais transitórios desde Março/2020. História pregressa: catarata congênita operada em ambos olhos, e olho esquerdo evoluído para phthisis. Em avaliação relatou episódios de perdas de visão esporádicas e auto-limitadas no olho direito único, com melhora espontânea após cerca de 20 minutos. Ao exame físico referiu acuidade visual no olho direito com correção de +8,50 de 20/20. Biomicroscopia do olho direito: câmara anterior formada, córnea clara, corectópico e afácico. Fundoscopia do olho direito: escavação fisiológica, mácula bem e periferia com tufos císticos na região temporal. Após iniciada terapia antiplaquetária (AAS 100mg), avaliou-se exames complementares: Ecodoppler de carótidas, Eletrocardiograma, Campimetria e Provas de auto-imunidade normais. Angiotomografia craniana evidenciou “área hipodensa na substância branca profunda parietal direita sugestiva de infarto lacunar antigo”, e Ecocardiograma transesofágico demonstrou “aneurisma de septo interatrial com forame oval pérvio, e shunt espontâneo direita-esquerda”.

Conclusão

Amaurose fugaz se refere à perda da visão transitória, uni ou bilateral, com duração de segundos a minutos, sendo frequentemente de etiologia embólica. A fonte dos êmbolos pode ser uma placa ateromatosa arterial, ou êmbolos de origem cardíaca, como no FOP, que, sendo uma comunicação interatrial, permite a passagem de êmbolos da circulação sistêmica ao sistema nervoso. A amaurose fugaz pode ser considerada dentro do espectro de ataques isquêmicos, e este relato demonstra o caso de uma paciente com sequelas encefálicas de isquemia cerebral prévia e perda de visão monocular transitória associada a FOP. Conclui-se que na abordagem da amaurose fugaz deve se pesquisar a presença de fatores de risco para doenças cardiovasculares isquêmicas, e investigar a possibilidade de alterações estruturais no sistema cardiovascular - como o FOP.

Área

Neuroftalmologia