A importância da oftalmologia no diagnóstico de doenças sistêmicas: Baixa acuidade visual como única queixa em um AVC hemorragico – Relato de Caso
Relatar caso de portador de Leucemia Mieloide Aguda (LMA) com baixa acuidade visual (BAV) secundária a acidente vascular encefálico hemorrágico (AVEh).
TEF, masculino, 53 anos, à admissão referia BAV em ambos os olhos, pior em olho esquerdo há cerca de 15 dias. Em anamnese direcionada, referiu cefaleia holocraniana discreta nesse período. Realizava radioterapia e quimioterapia para tratamento de LMA. Negou outras comorbidades.
Ao exame oftalmológico, apresentava AV com correção de 20/40 a direita e 20/20 parcial a esquerda. Motilidade ocular extrínseca preservada, pupilas pouco fotorreagentes e ausência de defeito pupilar aferente relativo. A biomicroscopia não apresentava alterações.
Ao mapeamento de retina apresentou, em ambos os olhos, edema de disco de 4/4+, hemorragias peripapilares e em arcadas temporais, mácula preservada.
Aventadas as hipóteses diagnósticas de síndrome de hiperviscosidade, infecção oportunista, infiltração tumoral ou AVE, paciente foi encaminhado com urgência para pronto atendimento neurológico para neuroimagem e análise liquorica, sendo diagnosticado e tratado para AVEh.
Sintomas visuais podem ser os primeiros e únicos indicativos de um AVE e fazem parte das queixas de mais da metade dos pacientes portadores de leucemia.
AVEs podem comprometer regiões cerebrais responsáveis pela função visual e vias ópticas, seja por isquemia ou quadro de HIC.
Na LMA, manifestações oculares podem estar relacionadas à infiltração direta do olho por células tumorais, infecções oportunistas ou consequências sistêmicas da formação de células imaturas, sendo a última a principal causa de acometimento de polo posterior – porção mais comumente afetada. O comprometimento na produção celular pela medula óssea pode levar a quadro de trombocitopenia, aumentando chance de sangramento nesses pacientes.
A queixa de BAV, ainda que não fortemente evidenciada em escala de acuidade visual, nunca deverá ser menosprezada e necessita ser correlacionada ao quadro sistêmico do paciente para melhor conduçao diagnóstica e tratamento adequado.
Neuroftalmologia
Santa Casa de Misericórdia de Curitiba - Paraná - Brasil
TAIS CAMARA VIVIANI DOS SANTOS, Gabriela Noda Sakai, Danielle Yumi Eimori
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