TRANSPLANTE TECTÔNICO DE URGÊNCIA DEVIDO RISCO PERFURATIVO IMINENTE POR ÚLCERA DE CÓRNEA POR ACANTHAMOEBA
Descrever o caso de um paciente úlcera de córnea por Acanthamoeba com diagnóstico confirmado por cultura positiva e microscopia com cistos do protozoário em estroma profundo.
B.O.C.C, 31 anos, usuário de lente de contato gelatinosa (LCG), há 3 anos, é encaminhado a pronto-socorro de hospital referência em Curitiba para avaliação de ceratite por acanthamoeba com iminência de perfuração em ambos os olhos (AO). Apresentava dor ocular intensa, acuidade visual (AV) conta dedos (CD) à anteface e CD a 1 metro, à biomicroscopia apresentava afinamento importante da córnea 3x3mm (>50%) em AO. Relatou início do quadro de desconforto ocular e fotofobia, após uso de LCG em parque aquático, tratado no período com moxifloxacino e dexametasona por 14 dias, sem melhora. Posteriormente, realizou cultura que confirmou o diagnóstico de úlcera por acanthamoeba e utilizou clorexidina por 14 dias, brolene por 4 meses, biguanida por 14 dias. A conduta atual foi a realização de transplante tectônico de urgência em OD, crioterapia 360º ao redor das bordas e uso de moxifloxacino 5mg/ml, dexametasona 1mg/ml, biguanida 0,02% e doxaciclina 100mg 12/12h. Seguimento pós-operatório com OD com AV 20/70, à biomicroscopia córnea receptora apresentava opacidade e vasos grosseiros em região 3h e 7h. Em seguida efetuou-se transplante tectônico com dupla crioterapia em olho esquerdo. Retorno com AV 20/50 e 20/100, melhora dos sintomas, contudo houve recidiva em AO com necessidade de infiltração de biguanida 0,02% bilateral.
As ceratoplastias penetrantes são indicadas com os objetivos de restabelecer a visão, controlar doenças corneanas refratárias e reconstruir estruturas anatômicas (tectônico). Em casos de infecções, pode ter prognóstico reservado. Patógenos menos comuns como Acanthamoeba e Nocardia caso não identificados e não tratados com terapêutica específica em tempo hábil, podem ser de grande ameaça à integridade ocular, levando a perfuração e endoftalmite.
Córnea
Hospital de Olhos do Paraná - Paraná - Brasil, Pontificia universidade católica do paraná - Paraná - Brasil
ANNA LUISA LIPINSKI, Heloísa Costa Pereira , Guilherme Barbosa de Souza Araújo
Número de protocolo de comunicação à Anvisa: 2022379801