CONJUNTIVITE LENHOSA: RELATO DE CASO
Relatar um caso clínico de Conjuntivite Lenhosa atendido no ambulatório de oftalmologia do Complexo Hospitalar Padre Bento de Guarulhos – SP (CHPBG)
Paciente do sexo masculino, 29 anos, com história de múltiplos quadros de conjuntivite viral membranosa em ambos os olhos há 6 meses. Refere uso de colírio de Fluorometolona 1mg/g há 6 meses e retirada de membrana inúmeras vezes, mas sem melhora. Diagnóstico oftalmológico prévio de alta miopia e nistagmo horizontal. À ectoscopia: lesões esbranquiçadas em gengiva de arcada dentária superior. Ao exame oftalmológico: papilas, fibrose e degeneração calcárea em conjuntivas tarsais superior e inferior visíveis à eversão palpebral, córnea com ceratite puntata. Após 3 meses paciente retorna com manutenção dos sintomas. Foi aventada a hipótese diagnóstica de Conjuntivite Lenhosa e por isso solicitada a dosagem de Plasminogênio, cujo resultado revelou deficiência desta substância. Foi prescrita pomada de Tacrolimus 0,03% à noite, com melhora parcial dos sintomas. Paciente em acompanhamento ambulatorial trimestral.
O relato versa sobre a conjuntivite lenhosa, entidade rara de conjuntivite crônica e que é bilateral em 50% dos casos. Se caracteriza por pseudomembranas ricas em fibrina na conjuntiva palpebral. Tais lesões também podem estar presentes na gengiva, trato genital feminino, orelha e rins. A etiologia é ligada à herança autossômica recessiva responsável por mutações nos genes do plasminogênio, causando uma hipoplasminogenemia com consequente prejuízo na cicatrização de feridas. Não há consenso sobre o tratamento curativo. As opções terapêuticas incluem: excisão cirúrgica das pseudomembranas, plasma fresco congelado tópico, heparina e ciclosporina tópicas, além de membrana amniótica, porém com altas taxas de recorrência.
Patologia Externa
Complexo Hospitalar Padre Bento - São Paulo - Brasil
CAROLINE FRANCA GOMES NASCIMENTO, Juliane Cardoso Rodrigues, Gustavo Carvalho Pavão
Número de protocolo de comunicação à Anvisa: 2022379801