HEMORRAGIA INTRARRETINIANA E BURACO MACULAR SECUNDARIOS A LEISHMANIOSE VISCERAL: UM RELATO DE CASO
Relatar o caso de um paciente do sexo masculino que evoluiu com Hemorragia Intrarretiniana e Buraco Macular secundários a Leishmaniose Visceral.
E. F. A., 42 anos, sexo masculino, proveniente de Mossoró-RN foi submetido a avaliação oftalmológica com queixa de baixa acuidade visual (BAV) em ambos os olhos (AO) há sete dias. O mesmo havia recebido diagnóstico de Leishmaniose Visceral e iniciado terapia sistêmica com Glucantime há 24 horas. Ao exame oftalmológico, apresentava: acuidade visual (AV) de conta dedos a 1,5 metros em olho direito (OD) e movimento de mãos (MM) em olho esquerdo (OE). Biomicroscopia anterior: olhos sem hiperemia conjuntival, córneas claras, RFM+ em AO, câmara anterior formada. Foi submetido a mapeamento de retina (MR) e Tomografia de Coerência Óptica (OCT) de mácula, que evidenciaram: hemorragia intrarretiniana importante em AO. Foi prescrita injeção intravítrea de antiangiogênico em AO (sendo utilizada, neste caso, a Bevacizumabe) e orientado retorno em trinta dias para reavaliação. Ao retorno, o paciente apresentava melhora da visão em OD, AV: 20/400, e manutenção da AV em OE. MR e OCT nesta data mostraram: reabsorção do sangramento em OD, com visualização de Buraco Macular (BM), enquanto em OE observou-se quadro de hemorragia vítrea (HV) extensa. Neste momento, optado por conduta cirúrgica, foi indicada Vitrectomia Posterior em OE.
Na leishmaniose visceral (ou calazar), manifestações oculares são raras e, quando encontradas, podem acometer tanto o segmento anterior quanto posterior do olho. Hemorragias retinianas, quando presentes, estão relacionadas a anemia moderada ou grave com trombocitopenia, conforme vimos no caso relatado. Não foram encontrados na literatura outros relatos de BM secundários ao calazar. As lesões hemorrágicas tendem a resolver após o tratamento da leishmaniose e melhora do quadro hematológico. Deve-se estar atento a queixas oculares relatadas por pacientes com leishmaniose, principalmente em áreas endêmicas, visando rápido reconhecimento do quadro para melhor diagnóstico e manejo.
Retina
Instituto Brasileiro de Oftalmologia e Prevenção à Cegueira - Bahia - Brasil, Retina Oftalmologia - Rio Grande do Norte - Brasil
CAMILA FERNANDES FELIX, João Paulo Fernandes Felix, Iasmin Cardoso Ledo
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