Título

PAPILEDEMA E OCLUSAO VASCULAR RETINIANA SECUNDARIAS A INFILTRAÇAO POR LEUCEMIA ORBITARIA: RELATO DE CASO

Objetivo

Discorrer sobre a importância da avaliação oftalmológica precoce como forma de evitar um desfecho visual desfavorável em pacientes com doenças neoplásicas.

Relato do Caso

Paciente feminina, 50 anos, apresentou cefaléia de início súbito, acompanhado de náuseas e vômitos. Ao longo de 4 meses, evoluiu com embaçamentos visuais transitórios e, por fim, amaurose súbita em AO há 1 mês em que buscou atendimento especializado. Em seu histórico pregresso, há relato de Leucemia Mielóide Crônica(LMC), em uso de imatinibe e em remissão clínica há 2 anos.
Ao exame oftalmológico apresenta-se com AV com ausência de percepção luminosa e pupilas em midríase paralítica em AO. Exame do segmento anterior mostrou-se dentro da normalidade. Durante o exame fundoscópico, observou-se sinais de edema de nervo óptico acompanhado de sinais de oclusão arterial e venosa bilateralmente. À avaliação laboratorial, identificou-se pancitopenia, enquanto a punção lombar destacou uma pressão de abertura de 34mmHg(VR: 24mmHg) com pleocitose de predomínio blástico. A neuroimagem destacou a presença de tortuosidade no trajeto do nervo óptico, achatamento de polo posterior do globo ocular e espessamento nervo óptico.
Sugeriu-se como recidiva do quadro de LMC por infiltração medular, culminando com hipertensão intracraniana e oclusão vascular retiniana mista.
O esquema hematológico foi substituído por dasatinibe e iniciado inibidor de anidrase carbônica oral, evoluindo com melhora progressiva das discrasias sanguíneas e diminuição da pressão de abertura para 5mmHg, além de redução progressiva na contagem de blastos.

Conclusão

A avaliação oftalmológica precoce é de extrema importância, uma vez que as complicações oftalmológicas da infiltração neoplásica resultaram em cegueira, afetando de maneira importante a qualidade de vida dessa paciente. No caso citado, se os sinais de infiltração leucêmica tivessem sido diagnosticados antes da oclusão vascular retiniana, intervenções poderiam ter sido aventadas e o controle clínico poderia ter prevenido a perda total da visão.