CERATOCONJUNTIVITE E UVEITE ANTERIOR GRANULOMATOSA EM PACIENTE EM TRATAMENTO COM TARTARATO DE BRIMONIDINA.
Descrever um quadro de ceratoconjuntivite folicular acompanhada de uveíte anterior granulomatosa secundária ao uso de colírio de brimonidina.
Paciente masculino, 61 anos, com queixa de hiperemia, secreção e irritação em ambos os olhos (AO) há cerca de seis meses. Possui diagnóstico de autismo, pouca interação com o examinador. Faz tratamento de glaucoma há sete anos, em uso de Combigan® duas vezes ao dia em AO. História de trauma contuso em olho direito (OD) há cerca de vinte anos.
Ao exame:
Acuidade visual de difícil mensuração devido a interação limitada do paciente.
A biomicrospia evidenciava, em ambos os olhos, hiperemia conjuntival ++++/4, reação folicular abundante em conjuntivas tarsais, neovascularização superficial periférica 360º, edema de córnea estromal +++/4, ceratite ponteada difusa, precipitados ceráticos granulomatosos. Iridodiálise inferior menor que 90º, sinéquias posteriores e catarata em OD. (Figura 1)
Aventou-se a possibilidade de ceratoconjuntivite e uveíte desencadeadas pelo uso tópico de brimonidina. Procedeu-se então com a troca da medicação por colírio de dorzolamida e iniciou-se prednisolona 1% 6 vezes ao dia com redução progressiva a cada cinco dias. Houve melhora importante dos sinais e sintomas ao término do tratamento (Figura 2), sem piora ou recidiva após retirada completa do corticoide.
O uso tópico de brimonidina está relacionado a efeitos colaterais como conjuntivite folicular e dermatite periocular. Mais raramente, pode causar uveíte anterior granulomatosa. O quadro muitas vezes é subdiagnosticado ou tardiamente identificado na prática clínica. O diagnóstico e tratamento corretos são necessários para evitar sequelas oculares.
Córnea
Universidade Federal Fluminense (UFF) - Rio de Janeiro - Brasil
ERMES RODRIGUES MACHADO FILHO, Ana Luiza Souza Dutra Duelli, Ana Carolina Vieira Medina Coeli
Número de protocolo de comunicação à Anvisa: 2022379801