Título

ANOMALIA DE DISCO EM MORNING GLORY: UM RELATO DE CASO

Objetivo

Relatar caso de anomalia do disco em Morning Glory em um paciente de 5 anos.

Relato do Caso

Paciente masculino de 5 anos refere estrabismo desde o nascimento e histórico de cardiopatia congênita, necessitando de IOT e uso de O2 no período puerperal. Nascido de parto normal com 41 semanas, sem intercorrências. À ectoscopia apresenta exotropia de 15° à supradução, órbita e face atípicas. Melhor acuidade visual (AV) de 20/40 em olho direito e de não percepção luminosa em olho esquerdo. Ao mapeamento de retina, constatou-se aumento do disco óptico (DO) à esquerda, retina aplicada. Ao exame de angiofluoresceinografia (AF) apresentou DO grande com área esbranquiçada central, alteração de vasculatura e material sub-retiniano peridiscal sugestivo de anomalia do disco em Morning Glory (MGDA), mácula com alteração de coloração e brilho, retificação dos vasos retinianos. Orientado ao paciente e familiares sobre prognóstico visual e sobre necessidade de neuroimagem para pesquisa de patologias neurológicas, o mesmo segue acompanhamento semestral no serviço. Sugerida estimulação visual e orientado sobre seus benefícios.

Conclusão

A MGDA é uma anomalia óptica congênita caracterizada por uma escavação em funil do polo posterior que incorpora o DO. O estabelecimento do diagnóstico correto de MGDA orienta o manejo oftalmológico apropriado e também deve levar à busca de normalidades intracranianas associadas. O diagnóstico é clínico, porém imagens como AF podem fornecer informações adicionais para conclusão do caso. Diagnóstico precoce é essencial para a correção de estrabismo e de erros refracionais afim de prevenir ambliopia, porém o prognóstico visual é reservado. Embora cirurgias de realinhamento ocular e tratamento de anisometropia sejam recomendados, melhora dramática da AV é rara. Todos os pacientes diagnosticados em exame oftalmológico de rotina com MGDA devem fazer pesquisa de patologias neurológicas adicionais com neuroimagem. O tratamento das outras anormalidades associadas sugere necessidade de uma abordagem interdisciplinar.

Área

Oftalmopediatria