Título

APLICAÇAO DA TECNICA DE INTERLACING EM CASO DE ESOTROPIA SECUNDARIA A ANEURISMA DE SEGMENTOS DA CAROTIDA INTERNA.

Objetivo

Relatar caso de correção de estrabismo convergente com aplicação da técnica cirúrgica de Interlacing.

Relato do Caso

Paciente masculino, 44 anos, com quadro de esotropia por paralisia de VI nervo à direita, secundária à compressão por aneurisma cerebral em segmento intracavernoso da carótida interna à direita, há 10 anos. Ao exame, acuidade visual em olho direito (OD) 20/30 (com rotação da cabeça para esquerda) e olho esquerdo (OE) 20/20, sem correção. Esotropia Krimsky 50DP + Hischberg 30° (desvio total de 80-90 DP), limitação total de abdução ativa e passiva e não atinge linha média (>-4) em OD; sem alterações da motilidade em OE. Biomicroscopia e fundo de olho normais. Realizada cirurgia para correção da esotropia. Em intraoperatório, teste de dução passiva confirmou restrição para abdução (não atingia linha média) em OD. Realizado recuo de 8 mm do músculo reto medial (RM) e ressecção de 6 mm de reto lateral (RL) com refixação escleral após transposição das metades superior e inferior de RL , divididas longitudinalmente, para os retos superior e inferior, respectivamente, por técnica de interlacing. Paciente evoluiu no 21° DPO sem queixa de diplopia, em ortotropia em posição primária do olhar, melhora de abdução em OD (-3; ultrapassa linha média), limitação de adução -2 em OD, sem limitações nas elevações e depressão. Paciente relata estar satisfeito com o resultado cirúrgico.

Conclusão

A prevalência de aneurismas intracranianos na população geral é de aproximadamente 2%. Destes, 3-5% ocorrem na porção intracavernosa da artéria carótida interna, podendo ocasionar paralisia em VI nervo craniano por efeito compressivo e, consequentemente, estrabismo convergente por limitação no movimento de abdução. O tratamento cirúrgico para essa condição visa reestabelecer os vetores de força muscular, corrigindo desalinhamentos oculares. A técnica de Interlacing, descrita em 2021 por Mendonça et al., com resultados satisfatórios na correção de esotropias relacionadas à alta miopia, também foi efetiva no caso relatado, com melhora do alinhamento e da abdução.