Título

DENSIDADE VASCULAR RETINIANA EM HIPERCOLESTEROLEMIA FAMILIAR: BIOMARCADOR RETINIANO AO OCT-A DE DANO CORONARIANO

Objetivo

A hipercolesterolemia familiar (HF) é uma doença genética do metabolismo do colesterol e causa doença cardiovascular precoce e agressiva. Este estudo busca determinar biomarcadores retinianos capazes de identificar dano aterosclerótico coronariano em pacientes com HF. Para tanto, realizamos angiotomografia de coerência óptica (OCT-A) e tomografia de coerência óptica (OCT) em pacientes com HF e controles para comparar as densidades vasculares dos plexos capilares da mácula, a área da zona avascular da fóvea (ZAF) e espessura da coroide.

Método

Estudo observacional e transversal de 31 olhos de 16 pacientes com HF e 31 olhos controles, pareados por sexo, idade e equivalente esférico. Todos foram submetidos a OCT-A e OCT Spectralis® (Heidelberg Engineering, Alemanha) e processamento das imagens usando o software ImageJ® (NIH, EUA) para cálculo da densidade de perfusão e comprimento vascular nos plexos capilares da mácula. Todos os pacientes eram assintomáticos do ponto de vista visual e tinham confirmação genética da HF.

Resultado

A densidade de perfusão da mácula nos pacientes com HF em comparação aos controles foram menores no plexo capilar superficial (PCS) para os quadrantes superior (18% vs 23%; p<0,001), temporal (17% vs 20%; p=0,031) e inferior (20% vs 22%; p=0,022) e maiores nos plexos capilares intermediário (PCI) e profundo (PCP) no quadrante nasal (36% vs 34%; p=0,05 e 36% vs 32 %; p=0,047, respectivamente). A densidade de comprimento vascular no grupo HF em relação ao controle foi menor no quadrante superior do PCS (27 vs 29 mm-1; p=0,015) e maior no PCS no quadrante nasal (30 vs 28 mm-1; p=0,04) e no PCP no quadrante temporal (37 vs 35 mm-1; p=0,029). Não houve diferença para área da ZAF (p=0,5) e espessura da coroide (p=0,68).

Conclusão

A redução da densidade capilar no PCS nos pacientes com HF pode ser considerada um biomarcador retiniano de lesão aterosclerótica coronariana. Isso reforça o OCT-A da mácula como potencial ferramenta não invasiva para avaliação de risco cardiovascular.